Quando estava fotografando os cantos mais inóspitos da Terra para a concepção do livro Gênesis, publicado em 2013, Sebastião Salgado ficou impressionado ao visitar a Amazônia, sobretudo no contato com algumas tribos indígenas. Naquele momento, a obra, que serviu como uma homenagem ao planeta, com imagens de lugares não modificados pelo homem, foi o ensejo para o trabalho que segue em andamento, sobre a Amazônia. Nos últimos sete anos, o fotógrafo visitou comunidades isoladas para compreender, entre outras coisas, que não somos diferentes dos indígenas que estão na mata. “Quando, pela primeira vez, fui trabalhar com uma comunidade indígena, imaginei que o contato seria difícil. Não falava a língua, são pessoas isoladas. Com menos de um dia eu já tinha me adaptado, porque tudo que é essencial para mim é essencial para eles. Os sentimentos são os mesmos, a relação comunitária, a solidariedade, o amor, a tristeza, o ódio”, conta. Além do Brasil, Salgado esteve em países como Colômbia e Peru para registrar a vida de índios isolados. Sem premeditar o futuro reservado ao Brasil, o fotógrafo é dono de um arquivo com imagens que mostram uma floresta hoje aniquilada pelo fogo que consome a região nos últimos meses. A entrevista, […]